quinta-feira, 21 de outubro de 2010

What's this?

Posso até ser estranha, mas raras são as vezes que sinto isto. Ou pelo menos, são quase nulas as vezes em que tenho coragem de demonstrar. Mais estranho que eu mesma, é o fato de que nunca a vi, pela ruas da cidade grande. Se vi, ela não me atrapalhou. E hoje, ela me atrapalha? A resposta é imediata, e é certamente: Não!

Não gosto de ouvir o nome na sua boca, boca que me beija e diz que me ama. Não duvido. Mas só quem já sentiu sabe como é, e não é bom, acredite. É como uma ardência que te invade do coração até a garganta, fica por lá, e pronto, o nó esta dado. A minha reação é chorar, outros gritam, outros perdem o cabelo, eu choro, mas tentando sempre impedir as lágrimas, odeio chorar por alguém. E alguém que não conheço, isso me mata aos poucos.

Desnecessário seria comparações ocorrem. Mas no fim, até eu me comparo, infeliz branco platinado e depois desbotado. E o que posso fazer pra me sentir melhor? Deixar a orelha vermelha de outras pessoas, desculpa, mas me deixa melhor. No fim, ninguém conhece ninguém na historia que não pedi pra acontecer.

Diferente de algumas reações de outros seres humanos, não consigo gritar com você, as vezes bem que eu queria. Fico calma como uma pena de pássaro sobre o vento, procurando o momento certo de pousar, esse momento é sempre quando você desliga e eu avisto meu travesseiro, tão perto do meu rosto, sempre bom amigo.

O que você acha de tudo isso? Eu não sei, e nem tenho certeza se faço questão de saber. Esse sentimento que me invade não é algo de que eu me orgulho e nem você deve se orgulhar por mim, muito menos por você. Por isso, não se orgulhe de algo que eu preferia nem sentir.

What's this? Yeah, this is jealousy.

p.s: Por favor, leitores, não me julgue, não sou uma louca possesiva, muito menos vou matar alguém.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Um verão, quatro sorvetes e o futuro

Ah, o verão, tão quente e inspirador. Foi em um verão que tive a lembrança que mais guardo com carinho. Era de manhã, e eu quando pequeno, costumava passar as férias no interior de São Paulo, com minha avó, que sempre fazia os melhores doces com morangos, os meus preferidos até hoje. E naquela manhã, minha avó apertou minhas bochechas e me levou a um parque no centro da pequena cidade, típica de interior.

O sol estava quente, e ela tomou a precaução de passar bloqueador solar meloso por todo o meu corpinho de garoto de oito anos. Os brinquedos de madeira do parquinho estavam quentes e eu preferi brincar debaixo da árvore com a terra menos quente. Minha avó estava sentada num dos bancos coloridos da praça central, mas dessa vez eu não tive que decorar a cor, porque ela sempre escolhia o da cor laranja. E eu já estava grandinho pra ter alguém no parque olhando por mim.

Quando a sombra da árvore já estava menor e o sol começava a queimar a grama, uma garota sentou-se ao meu lado e ficou brincando com sua boneca e simplesmente pegou as folhas que eu tinha juntado pro meu carrinho bater, e as usou como alimento pra sua "filhinha". Foi quando me revoltei e puxei seu seu rabo-de-cavalo e arranquei da sua mão a boneca violentamente, confesso que na hora não imaginei o que minha atitude poderia me causar, mas depois de três berros descobri bem o que significa colher o que plantou.

Foi uma correria, minha avó ouviu de longe o berro da escandalosa e a mãe da garota não gostou nada de ver sua filha chorando com os cabelos todos fora do lugar, mas quando o motivo para aquele desastre foi revelado, todos caíram matando em cima de mim. E eu tinha apenas oito anos de idade e estava de férias.

Nos meus outros verões eu passei longe da casa da minha avó e sem puxar cabelos de meninas com bonecas. Mas quando eu voltei, já tinha dez anos e me obrigaram a pedir desculpas a menina escandalosa e sua boneca preferida rascada. Minha avó me ajudou a se desculpar e me acompanhou até a casa da garota, mas fui eu que a chamei para tomar um sorvete no dia seguinte.

O dia seguinte chegou como um foguete, um azar pra mim, e uma sorte pra menina que ia tomar sorvete pago com minha mesada. Estava quente, com muitas nuvens no céu azul que era igual ao azul dos olhos da garotinha, eu nunca tinha reparado nisso. Estava um dia de verão lindo para tomar dez sorvetes de uma só vez, mas eu só paguei quatro, dois pra mim e dois pra escandalosa, todos eram de morango, o melhor sabor da cidadezinha. Sentamos debaixo da árvora do parque, a mesma árvore que eu puxei seu cabelo.

No fim, nós rimos muito juntos e até tocamos algumas campainhas e saímos correndo juntos, e em todos os outros verões foi a mesma coisa, sorvete de morango e o sol a brilhar no céu azul, como os olhos da menina, que depois de sete anos, já era quase uma mulher, e então eu finalmente me deixei levar por aqueles berros e aqueles lindos olhos azuis, que seguem comigo até nos invernos gelados.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carta, tanto para a vida quanto para a morte

São Paulo, 6 de Outubro de 2010
Minha vida,
Hoje, numa manhã azulada, estou lhe escrevo, talvez a vossa senhoria não seja propriamente dito a responsável pela vida que levei, mas quero informar para alguém que não estive contente nesses últimos dez anos. Não culpo ninguém especificamente, culpo a humanidade inteira e quem sabe você sempre esteve por trás de tudo? Ah vida, muitos dizem que você é doce como açúcar e colorida como arco-íris, mas para mim, você sempre foi negra como noite de lua nova e ardido igual pimentas do reino.
Sei que lhe parecerei uma velho infeliz, porém, não se engane, sou mais do que infeliz e ninguém me ajudou a mudar isso. Meus filhos, todos fugiram, minha amada esposa está na cama com outro. E eu estou comunicando a ti, que você de nada me adiantou, talvez seria melhor eu nem ter existido, então, quem sabe eu poderia ser um amigo imaginário de uma criança ingénua. Que nem suspeita que envelhecera sem ninguém, como eu.
Minha governanta, numa noite fria me perguntou sobre a morte e como sempre faço, respondi curto e grosso: Apenas espero que me visite logo, não aguento mais essa vida. Ela não se espantou mais e desistiu de tentar mudar meu pensamento, como tantas vezes já tentou. Apenas me deixou sozinho na grande mesa, como todos fazem.
A propósito, vida, se encontrar a Dona morte por ai, diga a ela que estou ansiosa para encontra-la, e que a qualquer momento estarei pronto para recebe-la, não se preocupe com hora nem lugar. Acho difícil vocês se tombarem, porque a morte é a ausência de vida, e infelizmente a vida em mim habita.
Com grande satisfação eu lhe diria adeus,
para a morte vir até mim.

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