sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O espelho que queria amar (final)

E na manhã seguinte, era sábado. Me imprecionei, com ela acordando toda alegre, e deixando sobre minha pentiadeira, batons, sombras e um bush para ir ligar o som na sala, que tocava Roberto Carlos. Sobre a cama, um único vestido, eu pensei que ela tinha cortado todos, era estampado, casual. Ela entra dançando no quarto, comendo uma maça e pentiando os cabelos curtos com atenção, estava com uma sapatinha, delicada.

Consegui ver que estava colocando um batom, o mesmo que usou na boca, dentro da bolsa, e o celular que antes tocava várias vezes. E a campainha tocou. Levei um susto, tinha desacustumado a ouvir aquele ruido. Mas ela parecia ter esperado por aquilo a manhã inteira que gastou sentada na pentiadeira olhando pra mim e admirando a si mesma.

Ouvi risadas, uma voz grossa e a porta se fechar.

A primeira coisa que vez quando chegou em casa, foi suspirar, um suspiro alegre, e esparramar-se pela cama, deixando a bolsa, os sapatos e o casaquinho pelo chão. Mais uma vez suspirou e dormiu.

Poucos minutos depois o telefone tocou e a mesma voz que ouvi pela manhã falou para a secretaria que tinha a voz da linda moça: "Obrigado pelo dia maravilhoso, é estranho imaginar que estou me apaixonando por você, mas parece que esta acontecendo mesmo. Poderemos marcar outros encontros como este, foi tão bom para mim, espero que para você também tenha sido. E não esqueça que a porta da direita do seu apartamente tem um homem que lhe quer muito bem."

Os dias passavam e ela parecia feliz, mais feliz do que eu estava quando podia observa-la. Então, eu perdi a oportunidade de lhe falar que amava e que seria capaz de ficar todos os dias da minha vida olhando para aquela linda mulher, ou seria mulher linda, pois ela era antes de tudo: mulher. Anos depois eu gritei de dor pois estava em muitos pedaços e fui substituido, não me deram a aportunidade de ver a felicidade dos dois, tenho certeza que essa chance eu não perderia.

Título por @yuri_frenezie.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O espelho que queria amar (parte II)

Tinha dias que ela me olhava alegre, fixamente, meiga, acho que estava tentando enxergar sua propria alma. Não conseguia. Porque sempre voltava pra cama e dormia sonos sem sonhos. Ela começou a me olhar freguêntemente e eu pude aos poucos alcançar sua alma. Podia ver que era mulher antes de ser uma linda mulher. Conforme o tempo passava eu a conhecia, como nunca antes pude conhecer.

E ao mesmo tempo que eu a desvendava, ela se transformava, eu até queria parar de descobri-la, mas era instigante saber o que ninguém mais saberia.

Ela começou a conversar comigo, e eu não podia retribuir toda aquela atenção, então eu observava, guardava com carinho tudo o que me falava, todas as suas expressões, seus vários sentimentos. Guardava como tesouro de capitão com perna de pau. Ela, doce, contava seus maiores segredos, aqueles pensamentos que queremos jogar fora e desejos pro futuro. Tive vontade de consola-la e dizer que eu estava lá: "pro que der e vier". Mas eu não devia, ou não queria, não sei ao certo.

Em uma daquelas sextas-feira de ensonia, ela acordou totalmente atordoada, de um jeito que nunca tinha a visto antes. Acendeu o abajur, e aquela luz calma se instalou pelo quarto, decorado por ela mesma, sentou-se na cama e bebeu o copo de água das tipicas sextas acordadas. Estava agitada, hiperativa. Ela me olhou, fixou os olhos em mim e começou a falar. Falou tudo o que queria e mais um pouco, contou seu pesadelo para mim, contou que nunca tinha tido um sonho antes, contou que não tinha objetivo na vida, que não queria se casar, que não queria ser do jeito que era, que não queria ser linda. Ela sofre com isso.

Mas eu só podia observa-la, admira-la e ver como aquele rosto delicado ficava indefezo diante de tanta agitação. O que me deixava mais tenso era que eu não podia puxa-la para os meus braços e fazer-lhe cafunes nos cabelo, contando algo para amenizar sua dor. Nesse momento eu queria e precisava falar, mas não tive coragem de fazer. Nessa noite ela voltou para a cama e eu fiquei quieto, como sempre fiquei.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O espelho que queria amar (parte I)

Nunca tinha visto olhos tão marcados quanto os dela, te seguiam e, ao mesmo tempo, fugiam. Seu nome eu não podia saber, já que, para mim, só era permitido admira-la, mesmo que secretamente. Aquele corpo com duas ou três imperfeições faceis de disfarçar.

Era simpaticamente linda, seu sorriso de menina moça, seu corpo de pequena mulher e um rosto que eu, particulamente, não deixaria nunca de olhar. Sorria por educação a todos, agradecia os elogios ficando levemente corada nas bochechas e fazia o que sabia fazer de melhor: ser bela.

Varios queriam te-la em seus braços, mas nenhum estava a altura dela e talvez ninguém estaria. Acredito eu, que muitos sonhavam com ela, porém ela não merecia nenhum.

Uma coisa que ninguém buscava ver, era sua alma, mesmo tendo a alma pura e intocada, nunca alguém foi capaz de descobrir sua alma, isso a frustava, mais do que qualquer coisa.

Bela, pura, o que mais queria? Talvez a verdadeira admiração, não por sua beleza, por sua boa familia ou sua pureza. Mas os livros que lia, os assunto que sabia conversar, seus pensamentos mais profundos e seus sonhos de infância. As músicas que ouvia, as criticas que tinha, sua opnião sobre a economia. Não me lembro se alguém perguntou se ela estava bem sem mencionar o novo corte de cabelo ou o vestido que favorecia seu corpo e escondia suas pequenas imperfeições.

Seus cabelos eram lindos soltos, lisos e ao mesmo tempo cacheados, castanhos, loiros ou pretos, era elogiada de qualquer jeito. Numa manhã, acordou inspirada e cortou tudo, deixando rente a cabeça e da cor original. E foi elogiada pela ousadia.

O vestido mais lindo que vestia, era cor de rubi lapidado e seus sapatos pretos de sola vermelha combinavam perfeitamente. Mas nas sextas-feira sempre tinha ensonia e em uma resolveu cortar todos os vestido, principalmente o rubi. Os sapatos pretos de sola vermelha quebrou o salto, alias, todos os sapatos estavam sem salto. Mesmo usando trapos e de pés descalços continuava linda, só que ninguém mais a reconhecia.

Alguns a procuravam em seu apartamento e iam embora magoados, ela não era mais tão bela quanto antes, mas para mim não, ela continuava linda, com os cabelos curtos, roupas largas e seus lindos pés no chão. O mais interesante é que ainda a procuravam para matrimonio, mesmo sem conhecer sua alma, eles a queriam, pois o que foi lindo um dia pode voltar a ser como era antes.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Foi há tanto tempo (um ano depois)

Há tanto tempo que não olho em seus olhos, que não conversamos uma conversa bem demorada, que não rimos juntos, que não o vejo ao meu lado. Será saudade? Se não for, o que é? Foi o tempo que nos afastou? Será a distância? Será minha ou sua culpa? Será que o destino nos separou para que o futuro seja melhor, ou só separou para me fazer sofrer?

Lembra de quando éramos amigos coloridos? Lembra das suas palhaçadas? E de nossas brigas por besteira? Quero esse tempo de volta. Lembra das chamadas de atenção das professoras? Do “sim ou não”? Do “ignorar” quando estava perto dos amigos? E das discussões por esse mesmo motivo? Mas já faz tanto tempo...

Foi a tanto tempo que fomos contadores de histórias, de piadas, de bobeiras que podiam voltar. Sinto falta das risadas, dos teus olhos, de você ao meu lado. Sempre dizem que um dia vamos rir do passado, mas eu sou diferente: quando olho para trás, eu choro.

Tenho novos amigos, melhores do que os do passado, mas quero de novo aquela amizade colorida que só tinha com você. Não sei o que aconteceu, mais quero voltar no tempo e refazer o que deu errado no meu plano perfeito.

É mesmo saudade, ou será apenas uma lembrança do que aconteceu de bom nos velhos tempos? Como é difícil tirar uma lembrança do passado...

Se é saudade, não sei, mas sei que se fosse dona do mundo e das pessoas, você era meu e eu era sua, amigo confidente.

Edição para Atrevida: Dezembro de 2009, número 184, página 12 - Atrelog por Marina Oliveira

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Faça sol ou chuva um lindo dia vai nascer

Num céu de cor laranja, vermelho e amarelo formando um degrade, eu tentava inultimente tocar o mar com meus olhos, parecia tão límpido e puro, nunca tinha reparado no mar. Foi quando eu senti o vento bagunçar meus cabelos, podendo sentir todo o meu corpo, com aquela leve brisa vinda do mar. Talvez nem tão límpida e pura igual ao mar, pois aquela brisa passageira carregou tudo o que tinha de ruim em mim, e eu sim, estava me sentindo límpida e pura, como o mar.

Caminhei pela praia, não tinha ideia onde queria ou podia chegar. As pequenas ondas encontravam meus pés e levavam pro mar o que eu não precisava mais, deixando apenas a areia e meus pés molhados. E quando a nova pequena onda me encontrava de novo, eu fingia não conhecer seu efeito sobre mim e me divertia com aquilo. Uma pequena onda após a outra.

Naquele momento eu não podia mais pensar em nada, e tudo o que eu sabia fazer era observar. O céu ia se descolorindo quando me vi em um lugar totalmente novo perto de uma casinha na beira da praia, me aproximei e a primeira coisa que pensei depois da minha experiência com o mar foi quem seria a pessoa que morava ali, podendo sentir todos os dias o que eu tinha sentindo em uma única caminhada ao por do sol. Logo pude perceber que era solitária, só havia um par de meias pela varanda e uma xícara de café sobre a mesa, uma rede estendida e uma cadeira de balanço de frente pro mar.

Bati na porta e ninguém me atendeu, esperei pacientemente. Paciência que nunca tive. Depois de poucos segundos deu para ouvir o som de chinelos sendo arrastados pelo chão de madeira e um bocejo longo. Quando a porta se abriu, um homem vestido com regata e bermuda deixava trasparecer seu rosto de quem tinha acabado de acordar. Ficou me olhando de cima a baixo, parecendo desconfiado e ao mesmo tempo indiferente. Lhe perguntei como poderia voltar para o hotel cujo nome não é importante, ele me disse que era longe e que as ruas a noite não são lugares muito seguro para se andar a pé.

Sem nem perguntar meu nome, me chamou para tomar um café e para telefonar para o hotel de um jeito atencioso e preocupado. Não podia aceitar rapidamente, por isso usei as desculpas educadas prontas para as mais diversas ocasião. Mas ele já foi dizendo que eu poderia passar ali a noite e pela manhã me deixaria no hotel.

Não me deixou nem opinar, trouxe-me o café e me perguntou coisas comuns, coisas que perguntamos quando não conhecemos as pessoas. O céu estava preparando uma tempestade, era uma noite escura, mas com o calor de um dia de verão, talvez por isso os vaga-lumes estavam dançando na varanda iluminada apenas pela luz da lua cheia e por uma pequena lâmpada, que mal alcançava nossos rostos.

Foi uma conversa seguidas de surpresas e risadas, ele era um homem divertido e misterioso, seus olhos me revelavam pouco da sua personalidade, quem sabe a luz não tenha influenciado. Talvez naquele momento eu estava sendo transparente demais, o mar tinha me deixado pura e isso eu não queria esconder, nem de um desconhecido.

A noite voou, como pássaros migrando em busca de calor. E a chuva que caia, era tão calma que só seus respingos nós podíamos sentir. Ele me cedeu sua cama, e foi dormir na rede. Mas algo na madrugada não me deixava dormir tranquila, levantei e fiquei sentada na cadeira de balanço com um cobertor que não me pertencia, olhando as luzes dos barcos de pesca tão distantes. Não estava frio, mas o vento vindo do mar e da chuva não era exatamente quente, um desses ventos me deu a oportunidade de ver o rosto do homem que me cedeu a cama. Era calmo, como a chuva e puro como o mar e talvez como eu.

Acabei pegando no sono ali mesmo. Quando acorde de manhã, vi porque ele tinha escolhido morar ali: a arei branca, o azul do mar se confundindo com o do céu, ninguém, ninguém no seu mundinho privado. E eu? pude descobrir o paraíso modesto de um homem sozinho.

Lá estava ele, na cozinha preparando algo que não pude distinguir pela pouca pratica na cozinha. Me recebeu com um sorriso que não conheci na primeira vez que o vi e com um bom dia tão aconchegante que por um momento quis ter isso pra sempre.

Sentamos na mesa e tomamos o café da manhã em silencio, e quem quebrou foi ele, arrastando a cadeira e falando que ia ligar para um amigo que poderia me levar até o hotel. Ensaiei palavras de negação, não para ser educada, mas para poder receber mais daquela energia, daquele bem estar todo. Mas o que ele pensaria de mim.

Continuei em silencio, mas o que eu queria fazer era implorar por mais daquilo tudo, porque o dia anterior foi o melhor de minha vida. Ele, apoiado na pia, me perguntou o que eu achava e quando deixei ele me olhar nos olhos, parecia que ele sabia o que eu queria, sem eu nem ter dito uma palavra, talvez minhas lágrimas falaram por mim. Nós nos abraçamos, dois desconhecidos. No meu estômago borboletas e vaga-lumes dançavam e meu coração era quente e se eu deixasse ele seria capaz de dançar também.

A partir dessa manhã descobri que não era o mar, nem a brisa, nem os vaga-lumes, nem a luz da lua que me deixava tranquila. Descobri, no melhor dia da minha vida, que tanto com sol ou chuva, os dias nascem lindos quando ele está por perto.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Os mundos de cada um

Mesmo fazendo parte da sua vida, as vezes me sinto como não existisse nela, como se você criasse uma outra parte de você só pra mim, sem ninguém. Sem ninguém. E de uma hora pra outra eu descubro que não existo na sua vida real e me sinta como uma imaginação, talvez perfeita mas inexistente.

E em outros momentos me sinta triste e excluída, afinal eu só sou uma outra parte de você. Talvez você queira me proteger, talvez você queira nos proteger, mas você não me deixou escolher. Quem sabe eu quero correr riscos, mesmo que isso me faça sofrer, mesmo que te faça sofrer. Eu seria você se pudesse, talvez só pra sentir o que você sente, e viver como você vive.

Sabe o que eu quero de verdade? Sentir o doce sabor do amor, e o mais importante, o seu amor. Como quando ele era novo, inocente e desconfiado, como ele é hoje, bonito, cauteloso. Espero que no futuro ele seja a perfeita medida entre os dois, espero que eu não me sinta mais sem você ou num outro mundo quando eu estou com você.

Tudo bem, eu confesso que o mundo que você criou pra nós é lindo e todo cheio de magia, mas eu preciso de alguma realidade, sem ser o nosso amor, que é mais real que todas as verdades desse e de outros mundos.

Quem sabe que não estou em um mundo criado por mim e, sem sucesso, desejo sair. E quero que você me tire daqui, talvez eu espere demais de você, um simples mortal e imortalizado por mim. No meu mundo nem todos enxergam demais como eu, nem todos sentem como eu, nem todos choram como eu.

Talvez eu só devesse aceitar que cada um tem seu mundo, e que ninguém deve tirar o mundo que é só seu, se quer ter mais de um mundo e guardar as pessoas lá, faça isso. Só não tire o direito que elas têm de fantasiar um outro mundo pra fugir.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Nossas férias queridas *parte II*

Agora são as férias de verão. Sorte ou não, estar de férias é sempre muito bom, o melhor dessas são as desculpas pra abrir a geladeira toda a hora pra tomar sorvete ou refrescar o corpo. Mesmo meu professor afirmando que ficar na frente da geladeira na tentativa de não sentir calor é coisa de quem não conhece física, como se física servisse pra alguma coisa além de medir a velocidade média de um automóvel em movimento uniformemente variado.

Um grande problema das férias de final de ano é a recuperação, só de ler essa palavras alguns tem o "piripaque" do Chaves, realmente é traumatizante ficar de recuperação ou pior ainda, ficar sabendo que reprovou, pronto as férias de muitos terminou por ai.

Mas o que eu mais odeio no verão, é o calor somado a uma cama fervendo que resulta numa noite mal dormida. Mas não pense que o calor é ruim, na praia ele é sempre muito bem vindo, afinal, praia e final de ano é básico pra todos que se denominam paulistanos.

Muitos ficam ansiosos pra natal e depois pro ano novo ou para pular sete ondinhas, quem não gosta de presente e sentir a sensação de tudo novo de novo. Usar branco, usar roupa intima amarela, cor de rosa, branca ou outra cor para conseguir o que quer e levantar o vestido pra não bater nas ondas na hora do grande salto são os clássico do ano novo. Mas a sensação de que tudo vai começar mais uma fez, tudo igualzinho, 12 meses, 52 semanas, e 365 dias e 6 horas, e a certeza que o aniversário vai chegar e um ano diferente na escola.

Mesmo com calor e tantas festas, as férias do final de ano são as melhores, pelo menos para mim. Mais lugares pra ir, menos preguiça, mais roupas alegres, e cores do verão, cabelos naturais e quatro banhos por dia, isso sim que é vida. Que venham minhas notas e que eu possa curtir tudo sem preocupação.

Chinelo e camiseta, borá pra praia?!


Nossas férias queridas *parte I* :
http://pensamentosquasenormais.blogspot.com/2010/07/nossas-ferias-queridas-parte-i.html

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